"Hora do Planteta" vai notar-se em três mil cidades do Mundo, em protesto contra as alterações climáticas.
O presidente da empresa que gere as redes de transporte de electricidade em Portugal, a REN, admitiu à Lusa que que o apagão global organizado para sábado pela WWF "pode ser perturbador da segurança da rede".
O presidente da REN, José Penedos, adiantou que a iniciativa "Hora do Planeta", que tem como objectivo um apagão de uma hora em 3.000 cidades contra as alterações climáticas, pode "provocar instabilidade de transporte da energia eléctrica a nível europeu".
Em Portugal, que pelo primeiro ano adere oficialmente à iniciativa do Fundo Mundial para a Natureza (WWF - World Wildlife Fund), serão sete as cidades envolvidas no apagão: Lisboa, Tomar, Águeda, Vila Nova de Famalicão, Funchal, Almeirim e Guimarães.
O presidente da REN explicou que "teoricamente, se houver uma grande adesão, poderá haver alguma perturbação da rede" em Portugal, mas ressalvou que a a empresa "está preparada".
"Isto pode tornar-se um problema global, já que teremos que estar atentos às redes europeias transfronteiriças", acrescentou o mesmo responsável.
Penedos, que disse ter alertado a WWF para as suas preocupações, afirmou ainda que a REN "tem consciência do que pode acontecer, até porque já há um historial sobre iniciativas desta natureza".
As preocupações da REN (Redes Energéticas Nacionais), a empresa que gere as concessionárias de serviço público de transporte de electricidade, resultam do funcionamento dos geradores que colocam a energia da rede, que têm de estar equilibrados com o consumo.
Quando não há consumo, a energia injectada na rede está em sobrecarga, o que pode destruir os pontos de rede.
Ou seja, para evitar a destruição dos pontos de rede quando não há consumo - e de forma súbita, como por exemplo num apagão - a REN tem de baixar de imediato a produção dos geradores.
Os problemas de gestão de rede avolumam-se a partir deste momento, uma vez que mesmo que a REN baixe a produção dos geradores estes não respondem de forma instantânea.
Partindo do princípio que depois do protesto ninguém vai ligar as luzes ao mesmo tempo, a resposta da REN será a de colocar os geradores que ligam e desligam mais rápido para ter uma resposta também mais rápida.
Por outro lado, a empresa que gere as redes em Portugal vai igualmente precisar da ajuda da Europa, para que se houver um excesso de energia na rede se possa recorrer à rede europeia eléctrica para absorver esse excesso.
Nos cálculos da REN para este protesto surge um outro dado: o grande consumo de electricidade em Portugal vem da indústria e essa não deverá parar.
Uma porta-voz da WWF Portugal, Ângela Morgado, disse à Lusa que "a REN não alertou a organização" para estes eventuais problemas.
"Quando lançámos a iniciativa em Portugal, marquei uma reunião com EDP, que disse que desde que haja informação, desde que todas as entidades soubessem desde o inicio do apagão, haveria um ajuste da rede, proceder-se-ia à projecção de um consumo menor nessa noite e que a situação seria minimamente controlada", explicou.
http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=1182312